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O Deus aparentemente invisível e distante quis mostrar-se próximo, junto e mesmo dentro de nós e nos surpreende.
Surpreende-nos ao pedir permissão para esconder-se por nove meses no ventre de uma mulher, Maria, ao aceitar o processo de gestão como qualquer criança e ao nascer no silêncio de uma noite, sem aparatos, sem clarins de anjos, sem pompas e honrarias, sem nenhuma segurança, mesmo sendo o rei do universo.
Surpreende ao nascer numa gruta entre animais, na mais pura simplicidade e humildade, sendo colocado numa manjedoura sobre a palha, alimento dos animais
Surpreende ao nascer igualzinho a todas as crianças do mundo, de todas as cores e condições sociais. Precisou que lhe fosse cortado o cordão umbilical, precisou de colo, de carinho, de ser lavado e amamentado; chorou para aprender a respirar por si mesmo.
Surpreende ao esperar por mais de um ano para dizer a primeira palavra que, com certeza, foi mamãe e papai, e levar o mesmo tempo de uma criança normal para dar os primeiros passos.
Surpreende, sendo Ele o Senhor dos senhores, aceitar fugir para o Egito para não ser morto por um dominador cruel.
Surpreende ao sujeitar-se a viver a normalidade da vida humana com todas as fragilidades e limitações.
Surpreende ao viver 30 anos na convivência, no silêncio e na normalidade da família de Nazaré sem nenhum privilégio, sem regalias, sem diferenças na comida, nas vestes ou em qualquer outro cuidado especial.
Surpreendente ser Deus e passar 30 anos trabalhando na simplicidade de uma carpintaria, como a mais espetacular normalidade.
Surpreendente seu relacionamento familiar normal com Maria e José sem nada de novo ou diferente de outra criança e adolescente.
Surpreendente, sim, seu modo de iniciar a sua vida pública convidado parceiros e amigos para andar com ele sem impor normas ou convidar os seguidores, sem promessas de nada, sem salários, sem explicações do que iriam fazer, sem escolher lugares especiais, mas em seus ambientes de trabalho e lazer.
Surpreendente foi sua postura coerente, firme, decidida, mas cheia de ternura, misericordiosa especialmente com os mais fracos e pecadores; no entanto implacável para com os prepotentes e orgulhosos.
Surpreendente sua grandeza diante do sofrimento, diante dos inimigos e perseguidores, pois não encontramos nenhum gesto de vingança, pelo contrário, apenas gestos de perdão e misericórdia.
Surpreendente sua atitude e postura diante da morte e dos que o levaram à morte.
Surpreendente, mais ainda, foi a sua doutrina, nova e inovadora e seu modo de relacionar-se, sem distinções, sem preconceitos.
Surpreendeu nas suas últimas palavras e gestos: "Perdoai-lhes, não sabem o que fazem, filho eis tua mãe, tenho sede...".
Celebremos, pois, a presença do nosso Deus surpreendente pela amizade, pela ternura e pela misericórdia.
Feliz Natal.